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28 de abr. de 2013

ROUGE BOTEQUIM

TRAPOS GUARDANAPOS PORTA-COPOS GUARDA-COPOS
ESTILO SACADAS CALÇAS JUSTA NÁDEGAS. CALÇADA
COPACABANA SEIOS MORRO DA URCA
SOMBRA DE CHAPÉU. POSTES SEM LUZ
O GARÇOM PASSA UM PANO NA MESA
TRAZ MAIS UM, O QUE ERA MESMO?
MEU QUARTO SOTURNO DA CASA DA RUA
MINHA SALA COM PIANO MUDO QUADROS DE PARIS
DO RIO DE PORTO ALEGRA FITZGERALD. JAZZ

ACABO DE VER....ELA FITZGERALD A ESPOSA.
ESTÁ ALI DO LADO DE FORA NA CALÇADA,
ESCORADA NAQUELA LUMINÁRIA, SEU CABELO ARMADO
MORDISCA O LÁBIO ENTEDIADA O SUFICIENTE PARA ME OLHAR
SEUS OLHOS MIRAM O CHÃO, QUE SOMANDO OS DEGRAUS
DA ENTRADA DO BAR E DO PALCO ACERTAM MEU QUEIXO
VERMELHO DE COMEÇO DE OUTONO. MAS É ELA, PARIS ME OLHA
É REALMENTE ELA NÃO CABE EM SI,
UM CHINÊS SAI DO HOTEL CONDOR, ESPIA O QUE SE PASSA
NÃO ENTENDE O SAX SE AFINANDO
E O BATOM VERMELHO DE ZELDA MARCA A CIGARRILHA QUE NOS BRINDA
O GELO SECO

RASGUEI TUA BLUSA
DESVENDEI TEU VÉU
AVISTEI-ME NO CENTRO
DENTRO INERTE DE PULSO
ESCONDIDO LEITO SEGREDOS
MOVIMENTOS LISOS
PELES PELOS PENUGEM
LÁBIOS GOTAS LÍNGUA
DENTES SANGUE
UIVO COITO
ROMPER EM TI
NA MADRUGADA


LUA CHEIA

NÃO É TÃO FÁCIL ABRIR O PEITO E SACAR A ALMA
A VOZ É O SANGUE DA ALMA NUM GRITO
OFEREÇO MEU TRÔPEGO CORAÇÃO, HOJE POBRE
DE FUTURO, MAS COM PASSADO RICO E INALTERADO.
ALGO QUE A VIDA NÃO TROCA. TUDO ESTÁ PERDIDO
POR QUE NÃO MEU CORAÇÃO?
PARA QUEM VÊ OS OLHOS TRISTES
PARA QUEM VÊ A ALMA E A RECONHECE.
SOPRA A GUITARRA DA SOLIDÃO
A  MUSA DAS PULPERIAS
SANGUE EM VOZ BUMBO E TUMBA
ADIOS GUITARRA QUERIDA
ME VOU A LUNA ESCONDIDA
AO SOL A RODIAR...

13 de abr. de 2013

de volta ao outono


Na sexta-feira chuvosa, a dama lamenta chorosa o que não perdeu.
O príncipe não veio e o sapos pererecam aos borbotões na lagoa de suas lágrimas.
Janela úmida e imagem turva de seus sonhos sem final feliz
Na taça rubra mais uma gota da vinha etílica em seus devaneios
Pelos fundos ela o vê entrar sorrateiro alma leve e sapatos de algodão
No chão o pelego em frente a lareira
Tortuosas curvas descendo por seus castanhos olhos cabelos...
Sopra a chaminé alardeando o fogo em chispas do braseiro
Abre-se o fole viro a taça e a bebo corpo a corpo.